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As espécies que homenageiam personalidades famosas

04 maio 2023

Quando novas espécies são descobertas, é necessário que os cientistas escolham um nome científico em latim ou latinizado para elas. E o motivo disso é justamente por esse idioma não ser mais a língua oficial de nenhum país nos dias de hoje, logo, não sofreria nenhuma variação linguística.

Algumas espécies podem ter nomes ligados a alguma característica morfológica, já outras podem ter nomes bastante criativos. Vamos ver algumas delas?

1. Euglossa bazinga

Euglossa bazinga é uma das espécies de abelhas que pertence ao grupo popularmente conhecido como abelha-das-orquídeas. Ela é encontrada nas regiões de transição entre os biomas Amazônia e Cerrado, e foi descoberta em 2012 por dois pesquisadores brasileiros no estado do Mato Grosso.

Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, nem todas as abelhas são pequenas, amarelas e pretas. Euglossa bazinga, por exemplo, possui uma coloração metálica (verde azulada) que a faz ser confundida com a mosca-varejeira. Outra característica marcante do gênero Euglossa sp. é o seu bico comprido, que auxilia na coleta do néctar das orquídeas, entretanto, dependendo da espécie, ele pode ultrapassar o tamanho do próprio corpo do animal.

Euglossa bazinga © Google Imagens

Além disso, essa espécie de abelha é considerada solitária, por isso não forma colônia como as abelhas melíferas (produtoras de mel), assim como também não possuem rainha e todas as fêmeas são férteis.

Bazinga é uma expressão utilizada pelo personagem Sheldon Cooper durante a série (The Big Bang Theory), geralmente no final de alguma piada ou pegadinha com os seus amigos. Além dos pesquisadores serem fãs do seriado, a escolha do nome foi uma forma de popularizar o inseto e chamar atenção para a preservação da espécie, que corre perigo de extinção.

Sheldon Cooper © The Big Bang Theory

2. Cretapalpus vittari

Um fóssil de aranha encontrado no sítio paleontológico do Crato (Ceará) deu bastante o que falar em 2021. O primeiro motivo é pelo fato da espécie Cretapalpus vittari ter recebido esse nome em homenagem à cantora Pabllo Vittar e o segundo motivo é por esse fóssil nunca ter tido a permissão para deixar o Brasil, segundo as leis brasileiras.

Cretapalpus vittari viveu na Chapada do Ariripe há 122 milhões de anos © TV Verdes Mares/Reprodução

O fóssil, originário da Chapada do Araripe, na região do Cariri cearense, foi encontrado dentro de uma matriz rochosa, com o seu lado dorsal preservado. De acordo com os pesquisadores, a espécie de aranha pertence a família Palpimanidae, vivia no solo, tinha patas dianteiras nitidamente robustas e uma patela incomum na primeira perna, que se assemelha a um espinho.

Segundo os cientistas, a peça é o exemplar mais velho já registrado no continente Americano (datado na Era Mesozóica: 250 e 65 milhões de anos atrás). Além disso, o material fóssil também era um holótipo, um exemplar que serve para descrever toda uma espécie.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF) a aranha teria saído do Brasil para os Estados Unidos por meio de uma doação do Departamento Nacional de Produção Mineral, localizado na cidade onde fica o sítio arqueológico. Porém, de acordo com o MPF o único meio legal para o fóssil sair do país seria para fins de pesquisa e através de uma instituição científica, além de ser obrigado a participação de um instituto de pesquisa nacional e um pesquisador brasileiro no estudo. E ao final do estudo, o material deveria voltar ao país de origem, o que não aconteceu na época.

3. Uvariopsis dicaprio

Uvariopsis dicaprio é uma árvore encontrada na Floresta de Ebo, uma floresta tropical localizada em Camarões, África Central. A planta que ostenta cachos de flores amarelas e pode chegar a 4 metros de altura ganhou o status de criticamente ameaçada de extinção, pois, até o momento, os cientistas encontraram apenas um único indivíduo da espécie.

Uvariopsis dicaprio © Google Imagens

A descrição da nova espécie foi publicada no periódico científico aberto PeerJ no início de 2022 e assinada por sete cientistas. A ideia de nomear a espécie com o nome do ator e ativista ambiental, Leonardo DiCaprio, foi uma das formas de homenageá-lo devido ao seu posicionamento em defesa da Floresta de Ebo, contra a proposta de concessão da floresta ás madeireiras, a qual foi suspensa em agosto de 2020.

Leonardo DiCaprio © Jordan Strauss/Invision/AP

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, E. A abelha brasileira recebe nome em homenagem a série de TV americana. G1. 18 dez. 2012.

DOWNEN, M. R.; SELDEN, P. A. The earliest palpimanid spider (Araneae: Palpimanidae), from the Crato Fossil-Lagerstätte (Cretaceous, Brazil). The Journal of Arachnology. [S.I.], v. 49, n. 1, p. 91-97, 2021.

GOSLINE, G.; CHEEK, M.; ONANA, J. M.; TCHATCHOUANG, E. N.; VAN DER BURGT, X. M.; MACKINNON, K.; DAGALLIER, L. M. J. Uvariopsis dicaprio (Annonaceae) a new tree species with notes on its pollination biology, and the Critically Endangered narrowly endemic plant species of the Ebo Forest, Cameroon. PeerJ. [S.I.: s.n.], v. 10, p. 1-21, 2022.

NEMÉSIO, A.; FERRARI, R. R. Euglossa (Glossura) bazinga sp. n. (Hymenoptera: Apidae: Apinae, Apini, Euglossina), a new orchid bee from western Brazil, and designation of a lectotype for Euglossa (Glossura) ignita Smith, 1874. Zootaxa. [S.I.: s.n.], v. 3590, p. 63-72, 2012.

PREVIDELLI, F. O que aconteceu com o fóssil que homenageia Pabllo Vittar?. UOL. 24 out. 2021.

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